Impacto ambiental: saiba o que a mídia não te conta sobre isso!

Muitas vezes lemos matérias em jornais e revistas que tratam da questão ambiental, mas focadas apenas em emissões de dióxido de carbono (CO2). Também é comum vermos uma descrição que uma determinada tecnologia ou produto causa menos impactos ambientais por emitir menor quantidade de CO2 para o ambiente. Afirmações como essas são o que chamamos de meias-verdades, e vamos explicar o porquê:

O CO2 e outros gases de efeito estufa são responsáveis por um impacto ambiental que tem sido muito comentado na mídia nos últimos anos, o aquecimento global (antrópico). Esse tipo de impacto, que pode acarretar nas mudanças climáticas, é uma categoria de impacto ambiental muito importante, mas é apenas uma. Além dela, existem diversas outras categorias que podem ter igual importância! Vamos destacar algumas:
 

• Eutrofização: Fenômeno causado pelo lançamento excessivo de nutrientes (especialmente fósforo e nitrogênio) provenientes de efluentes domésticos ou atividades agrícolas em um corpo hídrico. Causa uma proliferação excessiva de algas nesse ambiente, que resulta na alteração da cadeia de processos bioquímicos do meio e afeta toda a fauna e flora.
 

• Somog: Palavra do inglês smoke + fog, esse fenômeno é caracterizado pela emissão de substâncias para a atmosfera, como compostos orgânicos voláteis – COV, que facilitam a criação de ozônio troposférico, criando uma camada de fumaça roxo-acinzentada na atmosfera. Essa fumaça, quando inalada, pode provocar diversos danos à saúde humana, como rinite, asma e bronquite.
 

• Toxicidadede e ecotoxicidade: Algumas substâncias são nocivas aos seres humanos e ao meio ambiente, e quando lançadas por emissões atmosféricas, efluentes líquidos ou resíduos sólidos, podem acarretar em grandes danos ambientais agudos ou crônicos.
 

• Acidificação: Este tipo de impactAcidificaçãoo ambiental é causado devido à emissão de algumas substâncias gasosas derivadas de nitrogênio e enxofre, que podem reagir com outras como a água e criar outras substâncias, ácidas, como por exemplo o ácido sulfúrico. Essas substâncias retornam para a superfície terrestre através das chuvas ácidas, causando diversos danos à vegetação e ao meio antrópico (construções e monumentos).
 

• Danos aos serviços ecossistêmicos: As modificações realizadas no uso do solo, transformando vegetações naturais em terras para prática agrícola, por exemplo, podem ocasionar danos a diversos serviços que o meio ambiente fornece aos seres humanos, os chamados serviços ecossistêmicos, dentre os quais podemos destacar a regulação do ciclo da água e a regulação de erosão. A falta de controle natural desses fenômenos pode acarretar em graves problemas ambientais como enchentes, secas e assoreamento de corpos hídricos, tais como rios e lagos.
 

• Perda de biodiversidade: A fragmentação dos solos, causada pela expansão agrícola e imobiliária em diversas matas virgens, coloca em risco habitats naturais de diversas espécies de fauna e flora nativas, diminuindo assim a biodiversidade local e global.
 

• Diminuição da disponibilidade de água: Embora a água seja um recurso renovável, o seu consumo (seja ele para irrigação, dessedentação de animais, indústria, consumo humano, entre outros), pode fazer com que a disponibilidade em uma determinada bacia hidrográfica seja reduzida, causando diversos danos ao meio ambiente e a saúde dos seres humanos.
 

Quando são avaliados os impactos ambientais de um produto, por exemplo, através de uma ACV, o objetivo do estudo pode ser analisar apenas uma categoria de impacto ambiental. É o que ocorre quando se realiza uma pegada de carbono (focada em emissões de gases de efeito estufa) ou uma pegada hídrica (focada no consumo de água). Porém, o mais recomendado é que se realize um estudo mais completo, considerando-se diversas categorias.

Existem diversos métodos de avaliação de impacto de ciclo de vida (AICV) que consideram várias categorias de impacto ambiental, como por exemplo o método ReCiPe, que considera até 18 categorias, o método CML-IA baseline , que considera até 11 categorias, e o método Impact World+, que considera até 10 categorias de impacto.

Portanto, quando alguma tecnologia, produto ou projeto é discutido na mídia, e sua sustentabilidade ambiental é justificada por emitir menor quantidade de CO2, por exemplo, lembre-se de que existem diversos outros aspectos e impactos ambientais em questão. O ideal é comparar alternativas tecnológicas de forma mais completa, levando em consideração não somente as emissões de gases de efeito estufa, mas também outros tipos de impacto ambiental!


Até a próxima!